Confederação Brasileira de Golfe

Uma chance na vida

18 de março de 2008

“Está vendo aquele garoto ali no putting green? É uma graça, muito educado. Mas tinha o costume de cuspir no chão. Agora baixei uma nova regra: não pode cuspir no campo de golfe. Ele está melhorando”.

O menino em questão é um dos alunos da Escolinha de Golfe de Japeri, um dos melhores acontecimentos no golfe brasileiro desde que os ingleses deram suas primeiras tacadas em solo tupiniquim. A autora da frase é Vicky Whyte, presidente da Federação de Golfe do Estado do Rio de Janeiro e da Associação Golfe Público de Japeri (AGPJ).

Japeri e seus alunos são a menina dos olhos de Vicky, uma britânica de sotaque tão forte quanto sua personalidade. Ela tem cara e fama de durona, mas basta falar no projeto e em suas conquistas para que surja um esboço de sorriso e um brilho em seus olhos. Os olhos de Vicky têm brilhado bastante recentemente, por várias causas: o sucesso dos meninos da periferia que estão aprendendo golfe graças ao projeto e, principalmente, o recente patrocínio que Japeri obteve da Oi Futuro (leia aqui).

“É o primeiro ano que a Oi Futuro aposta em projetos sociais na área do esporte”, conta Pedro Prata, coordenador de projetos sociais da entidade, que busca idéias inovadoras e diferentes, que trabalhem com o inusitado – quer algo mais ímpar do que um campo de golfe no meio de um dos municípios mais pobres da Baixada Fluminense? “Japeri consegue ter um impacto social relevante, além de mostrar que pessoas de qualquer faixa social podem praticar qualquer esporte”, diz Prata.

É inevitável falar do impacto que Japeri certamente terá no nível e qualidade do golfe nacional – a coisa é lógica: quanto mais gente praticar um esporte, maiores as chances de surgir um destaque. Mas não é a possibilidade de ganharmos uma Daiane dos Santos ou um Gustavo Kuerten dos tacos e das bolinhas que move Vicky e sua equipe.

“O que queremos é que essas crianças tenham uma chance na vida”, diz ela. Isso significa trabalhar como caddie? “No, no!!”, exclama uma agitada Vicky. “Os meninos de Japeri estão proibidos de trabalhar como caddie. Eles têm que estudar e chegar a uma faculdade ou curso técnico. O golfe serve apenas de instrumento para isso”, explica. Serve de instrumento e de gerador de oportunidades, já que os meninos de Japeri que se interessarem por agronomia, por exemplo, poderão valer ouro num futuro próximo graças ao surgimento de novos empreendimentos com campos de golfe. Ou seja: poderão vislumbrar um futuro com mais cara de futuro, que passe longe da violência e das drogas, por exemplo.

Um dado significativo: nenhum dos alunos de Japeri tem pais com segundo grau completo. Algo que dificilmente se repetirá nessa geração que já incorporou ao vocabulário palavras como birdies, bogeys, hazard e drivers, já que a frequência escolar e boas notas são condições básicas para que as crianças possam frequentar a escolinha. A escolinha de Japeri é de golfe, mas na verdade ensina vida e cidadania – está enganado quem pensa que o projeto se resume apenas ao ensino do swing e de bons modos.

O colunista é jornalista há 12 anos e golfista há 6. É diretor da Albatroz Editorial, agência de notícias e de comunicação especializada em golfe. Escreve sobre o esporte para as revistas Golf Life, Wish Life e Wish Report, entre outras publicações.

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG

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