Confederação Brasileira de Golfe

Tradição e modernidade

15 de março de 2007

por Henrique Fruet e John Byers

O golfe brasileiro está com a bola toda. Pela primeira vez, um ocupante do mais alto cargo do órgão máximo do golfe mundial vem ao Brasil (é também a primeira vez que vem à América Latina). Trata-se do inglês David Pepper, chairman do R&A, órgão que rege as regras do golfe mundial desde 1897 (desde 1952, faz isso em parceria com a United States Golf Association, a USGA). A sigla R&A vem de Royal & Ancient Golf Club of St Andrews, o mais antigo clube de golfe que se tem notícia do mundo, fundado em 1754 em St. Andrews, na Escócia. Mal comparando, o R&A seria a Fifa do golfe. Pepper chega ao Rio de Janeiro no dia 28 para prestigiar o 40º Campeonato Sul-Americano de Golfe Juvenil, que será disputado de 26 a 31 de março no Itanhangá Golf Club. Durante a viagem, se encontrará com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e com o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e visitará o Japeri Golf Links, primeiro campo púiblico brasileiro, na Baixada Fluminense. Em entrevista exclusiva ao site da CBG, Pepper falou sobre como o golfe brasileiro pode crescer e sobre temas atuais do esporte, como sua inclusão nas Olimpíadas, modificações nos tacos e exames antidoping.

Qual é a importância de se promover torneios juvenis como o Sul-Americano que vai acontecer no Itanhangá?
Jogadores juvenis são o sangue do esporte. Todas as competições, especialmente entre países vizinhos, devem ser encorajadas. O fato dos jogadores juvenis ficarem hospedados nas casas de famílias brasileiras acrescenta um elemento quase sem igual em outros esportes, aumentando conhecimentos, amizades e experiências que estes jovens levarão para o resto de suas vidas.

Qual é a importância do Brasil no golfe mundial?
Como o maior e mais populoso país da América do Sul, o Brasil tem o potencial de se tornar uma força do golfe mundial, mas atualmente o número de jogadores ainda é comparativamente pequeno.

O que o senhor acha que deveria ser feito para aumentar o número de jogadores no Brasil?
Com uma média de 200 jogadores por campo, claramente há espaço para quadruplicar o número de adeptos antes que cada campo fique superlotado. Entretanto, é importante para o jogo tentar acabar com a imagem de elitismo, que já não é o caso na Escócia e em outros países. Possivelmente, novos jogadores podem surgir com a construção de mais campos públicos como o de Japeri, no Rio de Janeiro, e com novos driving ranges.

É difícil atrair patrocinadores no Brasil em parte devido à grande popularidade de outros esportes, principalmente o futebol. O que você acha que pode ser feito para alterar essa situação?
É difícil atrair patrocinadores para o golfe na maior parte do mundo, com exceção aos torneios profissionais de elite. Entretanto, estes torneios são uma minoria. A maioria dos jogadores são amadores que praticam o esporte por diversão e assim o patrocínio não tem necessariamente que tomar parte nisso. Num país de tamanho continental como o Brasil, entendo que os patrocinadores possam facilitar a participação dos jogadores em determinados torneios; este não é o caso, por exemplo, na Inglaterra ou na Escócia, onde as distâncias são menores.

Por que o golfe não está nas Olimpíadas? Qual é sua opinião sobre o assunto?
O golfe não tem feito parte dos Jogos Olímpicos por cerca de 70 anos. Até então, os atletas participantes eram amadores. Hoje, dificilmente há um esporte nas Olimpíadas onde os participantes não são os melhores profissionais de seus países. Através da Federação Internacional de Golfe, da qual tenho orgulho de ser o vice-presidente, fortes representações têm sido feitas ao Comitê Olímpico para a inclusão do golfe. Ele foi um dos cinco esportes considerados para a inclusão em 2008 num encontro ocorrido no verão passado, quando dois esportes foram descartados dos jogos. Nesse evento, nenhum novo esporte foi incluído nas Olimpíadas e nenhuma consideração será dada sobre a inclusão de novos esportes até os Jogos de 2016. De qualquer forma, foi deixado claro que somente os principais profissionais são esperados para jogar. A Federação Internacional de Golfe continuará a lutar para a inclusão do golfe em Olimpíadas futuras.

Que ações o R&A tem tomado para promover o golfe na América do Sul?
O R&A anualmente convida um representante da América do Sul para fazer parte do Comitê de Regras de Golfe e de seu Comitê de Status Amador. Também convida cada país a mandar até dois representantes para participar de sua Escola de Árbitros que ocorre em fevereiro e convida todo país a mandar representantes para a Conferência Mundial de Golfe que acontece a cada quatro anos em St. Andrews. Graças ao sucesso financeiro do The Open Championship, a cada ano o R&A distribui fundos pelo mundo para o benefício do jogo de golfe. A América do Sul tem sido beneficiada em várias ocasiões. O suporte ao Campeonato Sul-Americano Juvenil de Golfe é um exemplo. Outros exemplos incluem suporte anual para a Copa Los Andes e a contribuição para os custos de construção do campo público de Japeri, no Rio de Janeiro.

O que o atrai mais no golfe?
Eu jogo golfe desde os sete anos de idade, ou seja, há mais de 50 anos. O esporte é um estilo de vida que requer tanto autocontrole quanto talento, junto com uma honestidade completa e integridade, já que cada jogador atua como seu próprio árbitro. Não há espaço para desonestidade no golfe. Meu sonho pessoal é que todos os líderes mundiais aprendessem golfe. Se eles fizessem isso, suspeito que haveria menos conflitos no mundo.

Muitos campos tradicionais parecem estar ficando muito curtos para os profissionais de hoje. Você acha que medidas deveriam ser tomadas para reduzir a distância que a bola pode ser batida?
Já que você levantou essa questão, muitos jogadores provavelmente já estão sabendo do recente anúncio do R&A e da USGA (United States Golf Association), os quais estabelecem conjuntamente as regras do jogo, que em poucos anos as ranhuras das faces dos ferros terão que ser modificadas para funcionar da mesma forma como as ranhuras em formato de “V” funcionavam no passado (leia mais sobre o assunto aqui). Isso evitará que os melhores jogadores sejam capazes de bater uma bola do rough e proporcionar o mesmo spin (rotação) na bola como se estivessem no fairway. Isso vai encorajar jogadores a bater o drive com o objetivo primário da precisão e não da distância. O R&A e a USGA tem gasto muito dinheiro nos últimos anos pesquisando todos os aspectos relacionados a tacos e bolas. Isso é algo constante. As regras continuarão a ser revistas e modificadas se acharmos que os jogadores dependem mais da tecnologia de terceiros do que de habilidade pessoal.

Testes de anti-doping foram conduzidos recentemente no Campeonato Mundial de Equipes na África do Sul. O senhor vislumbra procedimentos semelhantes sendo introduzidos no PGA e no European Tour?
Testes anti-doping já estão sendo realizados em alguns eventos do European Tour que ocorrem em países cujos governos exigem tais testes. Isso inevitavelmente vai crescer nos próximos anos. Até onde eu sei, nenhum teste positivo jamais ocorreu. Até hoje, ninguém parece ter conhecimento de nenhuma droga que aumente a performance de um golfista. Que isso continue assim por muito tempo!

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